A
problemática da água e saneamento tem sido a polémica mais em voga na discussão
política do nosso concelho dos anos recentes. Apesar disso, subsiste nos
cidadãos uma neblina de incerteza sobre o que a este respeito o futuro nos reserva,
em função dos resultados eleitorais do próximo sufrágio autárquico .
Destarte,
é um dever das diversas forças políticas em confronto nesta eleição explicar
aos munícipes de Paços de Ferreira, com clareza e objetividade, a forma como
pensam este problema e, sobretudo, o que propõem fazer para resolvê-lo e
combater a insatisfação popular generalizada, tornando este serviço público
satisfatório para todos os cidadãos do concelho.
A
resposta à sobredita questão implica, em primeiro lugar, a compreensão de que,
nesta matéria, os diversos executivos PSD
cometeram um erro estratégico histórico, desconsiderando, desde
1976, a necessidade de investimento num plano municipal de captação, tratamento
e distribuição de água e recolha, tratamento e rejeição de efluentes e águas
residuais.
Ao
longo dos anos, a Câmara Municipal, em detrimento deste investimento,
imperativo de saúde pública, privilegiou uma panóplia de outros investimentos secundários
que, todos somados, permitiriam implementar as redes de água e saneamento em
toda a área geográfica do concelho, caso tivesse sido essa a prioridade.
Em
consequência deste desnorte, em 2002, sob a liderança de Arménio Pereira, o Município
confrontou-se com a necessidade de um investimento de 40 milhões de euros para
assegurar a cobertura integral do concelho e com a incapacidade própria em dar
resposta a esta questão.
Foi
então que o executivo social-democrata, composto, além do referido Presidente, pelos
vereadores Pedro Pinto, José Bastos, Eugénio Coelho e Carla Carneiro, com a
cumplicidade dos vereadores socialistas Paulo Ferreira e Joaquim Barbosa,
deliberou, em 25-06-2002, por unanimidade, autorizar a concessão dos sistemas
de abastecimento de água e de saneamento básico, o que se veio a concretizar em
30-06-2004 com a AGS.
Como
se previa, o aumento do preço destes serviços, aliado a algumas práticas
abusivas da concessionária (como a cobrança de tarifas ilegais), resultou em insatisfação
popular generalizada.
A
ALTERNATIVA CDU
Neste
enquadramento fáctico, a CDU propõe-se inverter a tendência de concessão de serviços públicos
a privados, pugnando, mesmo judicialmente, pela remunicipalização dos serviços
públicos de abastecimento de água e de saneamento básico.
Porém,
este nosso objectivo de intervenção está condicionado pelo teor do "Contrato
de Concessão da Exploração e Gestão dos Sistemas de Abastecimento de Água para
Consumo Público e de Recolha, Tratamento e Rejeição de Efluentes do Concelho de
Paços de Ferreira", celebrado em 30-06-2004, pelo prazo de 35 anos,
entre o Município e a AGS, com a chancela do PSD e do PS.
Infelizmente,
por culpa daqueles partidos políticos, a solução deste problema é, hoje, mais
jurídica do que política.
Na
verdade, a remunicipalização deste serviço público por iniciativa do Município
apenas é possível de 3 formas: resgate, rescisão por incumprimento da
concessionária ou declaração judicial de nulidade ou anulabilidade do contrato.
O
Resgate consiste, grosso modo, na retoma antecipada do serviço por decisão
do Município e implica o pagamento à
concessionária de uma indemnização de 5% do valor da faturação global dos
serviços do ano anterior, multiplicada pelo número de anos que decorreriam até
ao termo do prazo (26), acrescida do valor de investimentos não amortizados, o
que, como bem se alcança, é financeiramente inviável.
Por
outro lado, porque a rescisão por incumprimento da concessionária,
nomeadamente por violação do plano de investimentos anexo ao contrato, ou o
processo administrativo para declaração
judicial de nulidade ou anulabilidade do contrato, por vício de princípios
ou normas jurídicas imperativas, implicam elevados riscos economico-financeiros
para o Município, a CDU propõe impor ao departamento jurídico da Câmara Municipal a rigorosa
análise da viabilidade jurídica daquelas pretensões, bem como a divulgação das
respectivas conclusões, de modo a permitir, de forma transparente, a sua mais
ampla discussão pública e, consequentemente, uma decisão ponderada e
democrática.
Ademais,
envidaremos todos os esforços para restituir prontamente aos munícipes
as tarifas de ligação, e de
inspecção, colocação de contadores e de construção de ramais, e, no uso dos poderes contratuais do
Município, assegurar a cobertura integral dos serviços no
concelho, bem como o seu justo preço, o que permitirá restabelecer a
justiça social que a CDU defende em todas as circunstâncias.
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